Hérnia de disco lombar é a causa mais comum de dor lombar acometendo 1 a 5 de cada 1000 pessoas. Tradicionalmente, sabe-se que as lesões discais mais importantes compreendem as chamadas rupturas do anel fibroso, o extravasamento discal e as hérnias propriamente ditas. Elas ocorrem quando o material conectivo do interior do disco (núcleo pulposo) extravasa através de sua porção externa (anel fibroso). Contudo poucas doenças tem seu tratamento tão controverso. Há diferentes técnicas de fisioterapia, abordagens, métodos invasivos e medicamentos empregados.
Um pouco de toda a confusão deve-se também ao fato da causa das lesões discais serem multifatoriais, mecânicas, inflamatórias, decorrentes de alterações neurofisiológicas e imunológicas. Recentemente vem se dando muita atenção a uma estrutura localizada na região ainda na vértebra, muito próxima ao disco intervertebral, chamada de placa terminal (em inglês, endplate), e parece que ela muitas vezes é a grande causa de todo o problema, ou pelo menos do início do problema.
A placa terminal é uma estrutura ou região da vértebra de fundamental importância por fornecer força e nutrição ao disco. Porém ela está localizada numa posição de fragilidade, onde há muita sobrecarga mecânica, por isso frequentemente ela sofre lesão. Inclusive nos pacientes jovens, diferentemente do que se pensava, por terem um disco resistente, a placa terminal é uma das primeiras regiões a sofrer. Não é incomum encontrarmos pacientes com degenerações importantes na placa terminal e platô vertebral, ou com os chamados nódulos de Schmorl, que são invaginações do disco para dentro do corpo vertebral.
Outra afecção muito frequente na região da placa terminal ou dos platôs vertebrais são as chamadas alterações de Modic. Antes de mais nada, Modic é uma classificação de ressonância magnética que avalia a degeneração das vértebras (o Dr. Michael Modic quem inventou essa escala em 1988 mas ele mesmo não usa o termo “Modic” para descrever a lesão. Ele prefere o termo “alterações na medular óssea”. O Modic vai até o grau III, sendo: Modic tipo I: apresenta alterações de sinal na ressonância dos platôs vertebrais adjacentes a um disco degenerado, é um sinal apenas de edema (edema é um acúmulo de líquido – um dos 4 sinais de inflamação). Nos tipos 2 e 3 há substituição gordurosa e esclerose óssea respectivamente.
Em 2013 foi publicado na revista Spine (Rajasekaran S, Bajaj N, Tubaki V, Kanna RM, Shetty AP. ISSLS Prize Winner. The anatomy of failure in lumbar disc herniation: an in vivo, multimodal, prospective study of 181 subjects. Spine (Phila Pa 1976). 2013;38:1491-1500.), estudo com uma classificação em cinco tipos para as diferentes lesões da placa terminal associadas a doenças ou problemas dos discos intervertebrais.
Em abril de 2017, outro grupo indiano publicou estudo prospectivo procurando avaliar o significado clínico das lesões da placa terminal em pacientes com alterações nos disco e dor lombar. http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/2192568217694142
Cada vez mais, sabe-se que nem tudo é culpa do disco. As lesões não tem padrão único, variam muito de indivíduo para indivíduo e respondem de maneiras bem variadas ao tratamento. Além disso há pouca correlação entre lesões de imagem e sintomatologia. Cada paciente deve ser avaliado de maneira única. Procure conversar com o especialista a respeito destas alterações, certamente ele lhe ajudará a encontrar o melhor caminho.
Dr. Gustavo Carriço – ortopedia e cirurgia de coluna
Florianópolis / Santa Catarina / (48) 30287070 (atendimento das 8:00-17:00 horas)
Hérnia de disco lombar – nódulo de schmorl – alteração de modic – placa terminal.