Em abril de 2017 foi publicado na revista Nature artigo científico com o título “Running exercise strengthens the intervertebral disc” (“Exercício de corrida fortalece o disco intervertebral”). O estudo realizado na Austrália teve como objetivo avaliar a influência da corrida nos discos intervertebrais de 79 indivíduos na faixa etária dos 25-35 anos, sem história prévia de dor ou problemas na coluna. A amostra foi dividida em três grupos: não corredores, corredores 20-40km/semana e corredores de longa distância (>50km/semana). Foram observadas melhores características morfológicas e de funcionamento nos discos (avaliação por ressonância magnética / classificação de Pfirmann) dos grupo de corredores de longa distância e corredores 20/40km por semana em relação aos não corredores.
https://www.nature.com/articles/srep45975.pdf (link para o artigo)
Como análise da pesquisa, um achado muito positivo foi poder concluir que os discos intervertebrais dos corredores mostraram-se mais hidratados e altos, portanto mais fortes.
Porém interpretações e afirmações como “É mais um motivo para pessoas com problemas na coluna não terem medo de atividades física, pois a grande maioria das evidências mostram que o sedentarismo é pior do que se manter ativo” devem ser feitas com cautela. Como qualquer outro artigo científico, a interpretação dos dados e compreensão dos Métodos deve ser feita antes da leitura da Conclusão. Embora publicado na Nature, a pesquisa não foi conduzida em pessoas com problemas de coluna.
Os benefícios da corrida são conhecidos há muitos anos, correr faz muito bem a saúde. Porém vale destacar que não há estudos conduzidos de maneira randomizada e prospectiva que indiquem que sua prática esteja ligada a melhora ou piora de lesões discais. A saúde de nossa coluna está relacionada a uma boa mobilidade do tronco e da pelve, adequado equilíbrio ou alinhamento corporal e preparo muscular.
Para se recomendar uma atividade esportiva de maior impacto é necessário avaliação global prévia e a exclusão de patologias. Cada indivíduo deve ter respeitado seu padrão morfológico e suas características pessoais.
Os problemas do disco intervertebral se apresentam em fases: inicial de crise, secundária de “altos e baixos” e terciária de estabilização, (Kirkaldy-Willis, 1974, 1983). Recomendar diferentes tratamentos ou determinada prática esportiva requer compreensão da história natural destas lesões.
Dr. Gustavo Carriço – médico especialista de coluna – Florianópolis/Santa Catarina
Tratamento de hérnia de disco / avaliação postural / Dr. Carriço – Clínica da Coluna Vertebral